quinta-feira, 8 de julho de 2010

O Material II - O carreto e a linha.

 Ao contrário de outros pescadores de outras modalidades de pesca o pescador de spinning não tem de se fazer acompanhar por uma enorme parafernália de equipamento para poder praticar a sua pesca sendo que o principal é a cana, carreto,amostras e alguns acessórios. Neste segundo post técnico vou abordar a temática dos carretos e linhas.


 O CARRETO
 Na pesca de spinning o carreto tem um papel importante pois com ajuda da cana ele vai imprimir vida nas nossas amostras determinando em parte a sua velocidade de recolha. Tem o resto das funções comuns a todas as modalidades de pesca como o armazenamento de fio e ajuda a recolher o peixe capturado. O spinning é uma disciplina que exige bastante do material em especial do carreto pois este é forçado a lançamentos e recolhas constantes que podem exigir algum esforço dependendo da tracção da amostra e é sujeito frequentemente a banhos de água salgada que não ajudam nada o nosso material. Este último é um factor que obriga a uma manutenção cuidada após cada saída de pesca.


 Quanto ás características técnicas precisamos de um carreto leve porque nada pesado é compativel nesta pesca pois pode por em causa a integridade do pescador devido ao esforço requerido pela constante acção de lançar. A recuperação tem de ser algo alta e costuma ser indicado como adequado um carreto que recolha entre os 70 e 90 cm por cada manivelada. Por preferência escolho carretos com a regulação do drag na parte dianteira pois tem um acesso mais fácil e permite algum pequeno ajuste enquanto se trabalha um peixe com mais naturalidade.


  LINHAS


 Com o passar dos anos, seja qualquer for o tipo de linha (monofilamento, multifilamento,etc) podemos obter produtos cada vez mais fiáveis e de confiança pelo que é possivel utilizar hoje no spinning vários tipos de linhas. Dito isto as considerações que vou tecer são carregadas de um nivel de subjectividade porque cada um escolherá o tipo de fio que a sua experiência lhe ditar e por indicar um determinado tipo não quer dizer que outro não consiga fazer bem o trabalho.


 Actualmente de uma maneira geral os multifilamentos conseguem aguentar, para o mesmo diâmetro, uma maior carga de ruptura embora os mono´s sejam mais resistentes á abrasão. Eu dou preferência ao multifilamento pois com um diametro menor conseguiremos com o lançamento chegar a sitios mais distantes e quem sabe aquela onda onde poderá estar o nosso troféu.


 Considerando que vamos utilizar multifilamento existem duas utilizações possiveis. Ou empatamos a amostra directamente no final da nossa madre (linha que sai do carreto) ou então podemos fazer um pequeno leader em monofilamento com comprimento ao gosto de cada um e no final desse leader ligado a linha madre vamos empatar a nossa amostra. Ao fazer isto estamos a fazer uma parte terminal mais resistente á abrasão que nos poderá ajudar no caso de ferragem de um peixe em cima da pedra. Apesar disto prefiro utilizar a versão do empate directo. Na minha opinião a menos que o nó de união entre o multi filamento e o mono filamento fique «perfeito» estamos a criar um possivel ponto de ruptura. Nisto tambem resulta que algumas amostras que prendam na pedra estejam irremediavelmente perdidas pois o multifilamento poderá romper ao tocar na pedra.


Nota: O multifilamento necessita que os passadores de cana sejam apropriados, normalmente Fuji.


Rafael M. Ribeiro

O Material I - As canas

 Ao contrário de outros pescadores de outras modalidades de pesca o pescador de spinning não tem de se fazer acompanhar por uma enorme parafernália de equipamento para poder praticar a sua pesca sendo que o principal é a cana, carreto,amostras e alguns acessórios. Neste primeiro post técnico vou abordar a temática das canas de pesca.

 A CANA
Actualmente existem uma enorme quantidade de marcas a fabricar canas de spinning visto que é um mercado com saída pelo que as combinações de materiais e características são praticamente infinitas. Na minha opinião o que devemos procurar ao escolher uma cana é o equilibrio, ou seja, nunca devemos previligiar uma determinada caracteristica porque obrigatóriamente estamos a agir em detrimento de outras. Por exemplo canas rijas e com grandes capacidades de elevamento de peso perdem frequentemente na qualidade de lançamento e sensibilidade e contacto com a amostra. Já canas muito «moles» podem-se tornar lentas no trabalhar da amostra e ter falhas na hora de ferrar o peixe apesar de poderem ter a sensibilidade e capacidade de lançar um pouco previligiadas. Assim o ideal é a cana que permite trabalhar a amostra alvo sentindo essa mesma amostra e acompanhando-a com uma boa sensibilidade que permita ligação com o pescador. Assim a amostra, com as suas diferentes variáveis como peso, capacidade de tracção e profundidade a que mergulha vai influenciar a cana correcta a escolher. Nunca deverá ser a cana a influenciar a amostra escolhida. A amostra é escolhida consoante o local e a cana adapta-se a ela.

 Pessoalmente o pescador de spinning para mim deve ter no seu arsenal duas canas. Uma maior tipo 2,70m com uma acção M ou Mh que permita lançar bem e trabalhar amostras rigidas como jerkbaits, pencilbaits e outras. E outra,que no meu caso prefiro mais compacta como 2.30m ou até mais curta com uma acção entre o MH e o H que permita trabalhar amostras mais pesadas como as zagaias ou efectuar ferragens eficazes quando pescamos com vinil. É claro que com a evolução técnológica aplicada á pesca hoje em dia temos canas perfeitamente polivalentes que conseguem trabalhar razoavelmente em todas estas situações dentro de limites aceitáveis. 

Mais ou menos dura a cana deve ser sensivel para que possamos detectar as investidas do peixe e ferrar prontamente para que aquele lance de pesca seja um sucesso. A sensibilidade é afectada e determinada pelos materiais utilizados na cana e qualidade destes assim como distribuição dos passadores,passadores esses que devem ser de cerâmica de modo a acondicionar bem a linha, e colocação do porta carretos. Outra caracteristica obrigatória é a leveza. Neste tipo de pesca isto é determinante para evitar a fadiga.

O punho da cana é pra mim um ponto muito importante. É com ele que vamos estar em contacto e é o determinante para o conforto da nossa pesca. Cada pescador tem uma maneira caracteristica de agarrar na cana e preparar o lançamento que é desenvolvida por hábitos ao longo dos anos. Assim é importante que o pescador ao agarrar na cana se sinta imediatamente unido com esta  o que só é possivel com um punho adequado. Estes podem ser construidos com vários materiais. Uns são em cortiça, outros são em grip ou foam e alguns combinam vários materiais. Recentemente alguns começam a ter inclusivamente o blank da cana exposto.

 Um dos elementos presentes no punho é o porta-carretos. É ele que vai ligar o carreto á nossa cana e a intenção e que estes funcionem par a par sem que nenhum ceda pelo que o porta carretos deve ser de qualidade permitindo a fixação do carreto á cana sem que este deslize ou ceda minimamente.


 A escolha da cana é um ponto muito pessoal. Cada pescador devido a sua morfologia, á forma como se habituou a pescar e aos sitios que pesca tem necessidades diferentes e se para um individuo uma cana pode ser formidavel para outro essa mesma cana pode não servir as suas necessidades. Assim o importante e ideal é que antes de adquirir material deste, que se for razoável pode estar entre os 80/90 euros e pequenas fortunas, se experiemente esse mesmo material o que nem sempre é possivel.

Rafael M. Ribeiro

terça-feira, 6 de julho de 2010

O Robalo





O robalo tem sido motivo de grandes desafios, lutas e sobretudo alegrias. Actualmente existe uma enorme industria á volta deste formidável predador em que se investe numa componente económica obviamente, mas cada vez mais na componente cientifica melhorando os resultados do pescador desportivo.


Visto que este é o meu predador (e a minha presa) alvo, proponho neste post uma pequena descrição dos seus hábitos para que o possamos conhecer melhor. Apenas conhecendo o nosso adversário o poderemos «vencer».


O robalo, de nome cientifico Dicentrarcus labrax , pertence á familia Moronidae e á ordem dos perciformes nos quais se englobam o achigâ e muitos outros peixes representativos. A familia dos perciformes terá surgido no cretácico como se julga, ou seja á cerca de 66 milhões de anos atrás. Como é óbvio o robalo moderno não terá esta idade, contudo podemos ver a ancestralidade da genética destes animais e o que poderá estar por trás dos seus instintos e agressividade.Tem um corpo fusiforme não muito compacto mas possante com capacidade de atingir boas velocidades. Como caracteristica dos predadores a sua boca tem uma posição ligeiramente levantada o que permite ataques de baixo para cima, úteis para surpreender algumas presas. Atinge pesos de 11Kg e comprimentos de 100 cm. Habita geralmente as águas do oceano atlântico procurando temperaturas compreendidas entre os 8ºC e os 24ºc. A maturidade sexual ocorre em dois anos no caso do macho e três no caso da fêmea sendo que este peixe se reproduz principalmente entre Janeiro e Março.




Em portugal continental podemos afirmar que está presente em toda a linha de costa mas incide mais em locais com caracteristicas especificas. Da experiência que tenho tido, fundos mistos, ou seja, com lajedo de pedra, caneiros e etc. alternados com areia tendo boa oxigenação causada pela vaga são bons abrigos para este predador. Isto acontece porque para alem de boas condições de oxigénio e parâmetros da água, estes locais são fontes de esconderijo e pequenas presas. a soma é facil «locais de emboscada» + «pequenas presas como caranguejos, camarões e pequenos peixes» = «alimento capturado». É claro que também é encontrado em praias apenas de areia ou em estuários por onde vagueia visto que o robalo suporta boas variações na salinidade (densidade de sal da água). Deste último pedaço de texto, de uma forma generalista podemos concluir que o robalo se move em função do alimento.

Quanto ao alimento deste predador é muito variado. O robalo é um caçador versátil que tanto pode ser oportunista ficando «entocado» á espera que a presa venha ter com ele como pode caçar em água abertas encoberto na rebentação. Assim a sua dieta pode ir desde pequenos camarões e peixes até pequenos polvos nas fases mais adultas. Como predador inteligente que é e que se revela, gere bastante a relação entre a energia gasta para caçar uma determinada presa e o proveito que poderá retirar dela.

Só tendo alguns conhecimentos como estes é possivel capturar robalos de forma consistente. Imaginar o que procurar em cada local e como este predador actua é indispensavel. O verbo imaginar foi colocado na frase anterior de forma propositada. apenas podemos imaginar porque o robalo é um animal imprevisivel e é isso que torna a nossa modalidade tão recompensante e estimulante.




nota: Em portugal continental a modalidade do spinning permite apanhar mais peixes que não apenas o robalo. Contudo esta é a espécie da minha preferência e a que mais vezes será abordada.


Rafael M. Ribeiro

Os objectivos

Comecei a pescar por incentivo do meu pai. O entusiasmo, que ainda se conserva intacto actualmente como nos primeiros tempos, foi o veículo para tentar ser melhor, mais eficaz e sobretudo para ouvir os outros e aprender.
Inicalmente foi o mar que me cativou, pescava á boia de forma rudimentar ou ao fundo simplesmente, longe de algum dia ter ouvido falar de termos como sufcasting ou outros similares. De seguida descobri a pesca em água interiores e foi aqui que começei a lidar com o que viria a ser para mim uma grande atracção, a pesca com amostras. Foi o achigã o agente causador desta mudança. Desta e de outras tantas pois foi assim que descobri e comecei a praticar o Catch´n´release, facto que alterou completamente a minha atitude perante a pesca e consequentemente perante a natureza e sinceramente posso dizer que hoje em dia me dá um gozo tremendo libertar peixe tanto em água interiores como na nossa costa, atitude que continua a ser pouco recorrente no nosso país, infelizmente.
Recentemente (cerca de dois anos atrás) voltei a sentir saudades do mar e aproveitando as técnicas que vim a desenvolver com a pesca ao achigã, dediquei-me ao spinning na nossa costa a procura de um predador procurado por quase todos os pescadores desportivos, o Robalo (Dicentracus labrax).
A razão pela qual eu pude aprender, evoluir e tornar-me melhor pescador (e com tanto para aprender...) foi apenas uma, a partilha. Partilha de conhecimentos, de técnicas, de materiais, de experiências.
Esta é a verdadeira razão da criação deste blog, partilha dos tais conhecimentos e do resto para que divulgando, possa ajudar outros da mesma maneira que eu fui ajudado. De futuro irão ser postadas experiências de pesca, opiniões sobre material e técnicas variadas que uso.
Como em tudo na vida, na pesca não existem certezas, apenas constatações e conslusões verosímeis pelo que tudo o que é postado neste blog foi concluído a partir da experiência própria ou alheia pelo que todas as adendas, sugestões ou correcções serão aceites com a melhor das vontades.

Todos nós começamos sem saber nada, mas ninguem nesta arte chega a saber tudo. Contudo, partilhar e saber ouvir fará de nós melhores pescadores

Rafael M. Ribeiro.